DE 21 NOVEMBRO A 27 DEZEMBRO 2019
Seg a Sex / 10H-18H
@GALERIA I DA REITORIA DA U.PORTO
A EXPOSIÇÃO
“Órgão oficial” da Sociedade Vegetariana de Portugal e do Núcleo Vegetariano de Lisboa, mas também de várias associações vegetarianas do Brasil, O Vegetariano foi fundado no Porto em 1909 por um grupo de naturistas. Publicado ininterruptamente até 1935, data da morte do seu proprietário, o Prof. Manuel Teixeira Leal, o periódico assumiu-se como plataforma de encontro da comunidade vegetarista portuguesa nas primeiras décadas do século XX. A revista visava a divulgação e promoção do regime dietético, bem como da sua filosofia e modo de vida, aspirando a contribuir para uma transformação utópica da sociedade.
Começou como “Mensário Naturista Ilustrado”, mas nos seus últimos anos de vida, O Vegetariano estava irreconhecível, apresentando-se como um “Jornal de Higiene, Terapêutica Natural, Horticultura, Pomicultura, Floricultura, Educação e Turismo”. Todo o seu potencial transformador da sociedade foi abafado pela doutrina glorificadora da nação imposta pelo Estado Novo.
Esta é uma história que importa conhecermos melhor para compreendermos por que motivo teve o vegetarianismo tantos adeptos há cem anos, e por que razão não temos hoje memória dos nossos antepassados vegetarianos.
DE 21 NOVEMBRO A 27 DEZEMBRO 2019
Seg a Sex / 10H-18H
@ GALERIA I DA REITORIA DA U.PORTO
A EXPOSIÇÃO
“Órgão oficial” da Sociedade Vegetariana de Portugal e do Núcleo Vegetariano de Lisboa, mas também de várias associações vegetarianas do Brasil, O Vegetariano foi fundado no Porto em 1909 por um grupo de naturistas. Publicado ininterruptamente até 1935, data da morte do seu proprietário, o Prof. Manuel Teixeira Leal, o periódico assumiu-se como plataforma de encontro da comunidade vegetarista portuguesa nas primeiras décadas do século XX. A revista visava a divulgação e promoção do regime dietético, bem como da sua filosofia e modo de vida, aspirando a contribuir para uma transformação utópica da sociedade.
Começou como “Mensário Naturista Ilustrado”, mas nos seus últimos anos de vida, O Vegetariano estava irreconhecível, apresentando-se como um “Jornal de Higiene, Terapêutica Natural, Horticultura, Pomicultura, Floricultura, Educação e Turismo”. Todo o seu potencial transformador da sociedade foi abafado pela doutrina glorificadora da nação imposta pelo Estado Novo. Esta é uma história que importa conhecermos melhor para compreendermos por que motivo teve o vegetarianismo tantos adeptos há cem anos, e por que razão não temos hoje memória dos nossos antepassados vegetarianos.
A INSTALAÇÃO
A INSTALAÇÃO
CLIPPING
CLIPPING
FIQUE A CONHECER
A REDE VEGETARIANA
Nas páginas de O Vegetariano encontramos a descrição de uma verdadeira rede de apoio à comunidade vegetariana: anúncios de produtos e serviços de alojamento e alimentação adequados à vida naturista, dentro e fora do país, mas também de prestação de cuidados médicos, incluindo consultas por correspondência. No Porto e em Lisboa, mas também fora dos grandes centros como em Caneças, Régua e Sabrosa, um conjunto bastante ativo de médicos contribuía para a revista com artigos científicos, conselhos práticos e descrição de casos de cura de doentes desenganados pela medicina tradicional. Privilegiavam métodos de cura natural, como a helioterapia (tratamento pelo sol), a hidroterapia, a psicoterapia e o naturismo.
FIQUE A CONHECER
A REDE VEGETARIANA
Nas páginas de O Vegetariano encontramos a descrição de uma verdadeira rede de apoio à comunidade vegetariana: anúncios de produtos e serviços de alojamento e alimentação adequados à vida naturista, dentro e fora do país, mas também de prestação de cuidados médicos, incluindo consultas por correspondência. No Porto e em Lisboa, mas também fora dos grandes centros como em Caneças, Régua e Sabrosa, um conjunto bastante ativo de médicos contribuía para a revista com artigos científicos, conselhos práticos e descrição de casos de cura de doentes desenganados pela medicina tradicional. Privilegiavam métodos de cura natural, como a helioterapia (tratamento pelo sol), a hidroterapia, a psicoterapia e o naturismo.
JULIETA RIBEIRO
Julieta Adelina Menezes Ribeiro casou-se com Jerónimo Caetano Ribeiro em 1914. O Vegetariano descreveu o evento como o primeiro casamento do mundo entre frugívoros, sem quaisquer “despojos cadavéricos”. Em 1916, Julieta Ribeiro publicou Culinária Vegetariana, Vegetalina e Menus Frugívoros (1916). O livro, entusiasticamente recebido pela comunidade vegetariana (viria a ter quatro edições), apresentava mais de mil e duzentas receitas adequadas a cada um dos doze meses do ano, tendo em conta os alimentos disponíveis em cada estação.
A obra sugeria receitas para quem quisesse fazer a transição da dieta vegetariana para a vegetalista (ingestão apenas de vegetais e fruta, conhecida atualmente como veganismo) tendo como finalidade a adoção de uma dieta frugívora ou frutívora (ingestão de frutos crus).
JULIETA RIBEIRO
Julieta Adelina Menezes Ribeiro casou-se com Jerónimo Caetano Ribeiro em 1914. O Vegetariano descreveu o evento como o primeiro casamento do mundo entre frugívoros, sem quaisquer “despojos cadavéricos”. Em 1916, Julieta Ribeiro publicou Culinária Vegetariana, Vegetalina e Menus Frugívoros (1916). O livro, entusiasticamente recebido pela comunidade vegetariana (viria a ter quatro edições), apresentava mais de mil e duzentas receitas adequadas a cada um dos doze meses do ano, tendo em conta os alimentos disponíveis em cada estação.
A obra sugeria receitas para quem quisesse fazer a transição da dieta vegetariana para a vegetalista (ingestão apenas de vegetais e fruta, conhecida atualmente como veganismo) tendo como finalidade a adoção de uma dieta frugívora ou frutívora (ingestão de frutos crus).
A AVENTURA COLETIVA
Os subscritores de O Vegetariano contribuíam com testemunhos de curas milagrosas pela adesão à dieta vegetariana e enviavam para publicação fotografias comprovando a sua robustez física e a eficácia do regime, contrariando as ideias de magreza e debilidade frequentemente associadas ao vegetarianismo.
M. Wiborg, de Lisboa, explicava, por exemplo, em carta enviada à redação, a vida naturista e o regime frugívoro dos filhos, relatando o exercício e os banhos de ar e de sol que tomavam logo pela manhã, bem como os seus feitos desportivos e alta capacidade intelectual – tudo isto com apenas duas refeições por dia à base de pêros, laranjas, avelãs e figos!
UMA AVENTURA COLETIVA
Os subscritores de O Vegetariano contribuíam com testemunhos de curas milagrosas pela adesão à dieta vegetariana e enviavam para publicação fotografias comprovando a sua robustez física e a eficácia do regime, contrariando as ideias de magreza e debilidade frequentemente associadas ao vegetarianismo.
M. Wiborg, de Lisboa, explicava, por exemplo, em carta enviada à redação, a vida naturista e o regime frugívoro dos filhos, relatando o exercício e os banhos de ar e de sol que tomavam logo pela manhã, bem como os seus feitos desportivos e alta capacidade intelectual – tudo isto com apenas duas refeições por dia à base de pêros, laranjas, avelãs e figos!
DA AMNÉSIA À RECONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA
O regime dietético dos vegetarianos implicava também a adoção de uma atitude moral e de intervenção política, apresentando-se como a única solução possível para os problemas sociais, morais e de saúde do país. Estas implicações políticas, reconhecidas como ameaça pelo Estado Novo, terão levado ao apagamento dos nossos antepassados vegetarianos da nossa memória coletiva.
“Visado pela censura” desde 1928, O Vegetariano estava irreconhecível em 1935, ano da sua extinção.
DA AMNÉSIA À RECONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA
O regime dietético dos vegetarianos implicava também a adoção de uma atitude moral e de intervenção política, apresentando-se como a única solução possível para os problemas sociais, morais e de saúde do país. Estas implicações políticas, reconhecidas como ameaça pelo Estado Novo, terão levado ao apagamento dos nossos antepassados vegetarianos da nossa memória coletiva. “Visado pela censura” desde 1928, O Vegetariano estava irreconhecível em 1935, ano da sua extinção.